29 oct 2016

Anúncio da decisão de Pedro Sánchez




No dia de hoje, 29/10/2016, Pedro Sánchez convocou á imprensa, pela tarde, para dar a conhecer a sua posição sobre a investidura de Mariano Rajoy. Eu, que não são adivinho nem pitoniso, creio que intuo por onde vai em base a um razoamento lógico.

A situação do PSOE caracteriza-se, neste momento, pelos seguintes traços:
a) Um divórcio entre a militância e os dirigentes do Comitê Federal.
b) Uma burla aos votantes, por ter-lhe apresentado uma política de pactos na que se repetiu insistentemente que nunca se permitiria que Rajoy fosse presidente se deles dependia.
c) Uma golpe de mão do Comitê Federal que decide destituir de maus modos um secretário geral elegido pela militância sem contar com ela para nada e dar via livre a um governo de Rajoy a câmbio de nada absolutamente, deixando o partido totalmente descabeçado e sem possibilidade de resposta ante o PP.
d) Uma humilhação de Rajoy ao PSOE dado que decide reafirmar-se na sua política habitual sem estar disposto a cambiar absolutamente nada substantivo, e, por tanto, sem cambiar a LOMCE, a Lei Mordaça, a Reforma Laboral, nem a política econômica.

Eu parto do princípio que, a nível formal, o órgão superior dum partido, neste caso do PSOE, é o seu Congresso, que tem que ter em conta, direta ou indiretamente, os desejos das bases, ou seja, da militância, mas que no caso de ter organizado primárias, tem que aceitar a decisão desta.

Ante o desarranjo provocado pelos barões do PSOE, liderados por Felipe González e executados pela líder andaluza e os adláteres posicionados á sua sombra de cara ao próximo futuro, Pedro Sánchez não pode abster-se, porque seria dar por boa a decisão dum Comitê Federal golpista. Não pode ausentar-se, porque seria uma covardia; e não deve renunciar á ata de deputado, porque lhe permite servir de plataforma de lançamento das suas propostas de cara ao futuro. A única saída é precisamente denunciar aos que provocaram esta situação e deixar claro duas cousas:
a) Que em situações normais sempre esteve e está disposto a cumprir as normas do Comitê Federal, e que se vai dissentir neste caso é única e exclusivamente porque foi o Comitê Federal quem se pôs ás margem das aspirações do partido e das decisões congressuais e da militância. 
b) Que segue fiel ao princípio do “não é não”, e, por conseguinte vai votar em contra de Rajoy. 

Isto permitir-lhe-ia o seu ressurgimento, a adesão das bases e –a reconciliação com o voto e as aspirações da cidadania.

28 oct 2016

Nem Halloween nem Holywins, senão Samaim



Halloween provém das palabras All, que significa todo;  Hallows, que significa santo e Eve, que significa noite antes; e, por tanto, alude á festa que se faz o dia anterior á festividade de Todos os Santos, ou seja, a festa que se celebra o 31 de outubro. É uma festividade na que os meninos se disfarçam e vão de casa em casa cantando e pedindo dozes com a frase: «doze ou truco?», «doze ou travessura», «truco o trato?». Por tanto, ou dozes ou nos dais dozes ou fazemos travessuras, bromas ou sustos. Também é conhecida como «Noite das bruxas» ou «Noite dos mortos». A festa do Halloween é produto do sincretismo entre, por uma parte, as festividades cristãs, de Todos os Santos e o Dia de Defuntos, que se celebram o um e dous de novembro respetivamente, e, pela outra, a festa do Samaim, que em gaélico significa ‘final do verão’, que era a festa celta da recolhida da colheita e a armazenagem de provisões para todo o ano, e nela comemorava-se também a comunhão dos vivos com os espíritos dos mortos, que esse dia podiam caminhar entre os vivos e dar-lhe a estes a oportunidade de reunir-se com os seus antepassados; e, para manter os espíritos contentos e afastar os maus espíritos dos seus lares, deixavam comida fora da casa, ritual que está na origem do costume de pedir dozes pelas casas, e acendiam-se fogueiras para afugentar os espíritos malignos. Celebrava-se a final do verão, em concreto o 31 de outubro, data que era considerada como o início da metade obscura do ano, que dava início a um novo ano. Por tanto, o Halloween é uma simbiose duma festa cristã e duma festa naturista, de culto a natureza, matriz da vida e energia cósmica, com significações bem distintas.
 O tema deste artigo não é falar do Halloween nem do Samaim e muito menos competir com os etnólogos sobre estas questões, senão duma iniciativa promovida pela diocese de Cadiz, que, legitimamente, para erradicar a prática do componente pagão do Halloween, ou seja, o Samaim, decidiu cristianizar também o dia 31 de outubro, substituindo-o pelo Holywins, termo composto de duas palavras inglesas que significa o «santo vence», e propõe que os meninos se disfarcem de santos, virgens apóstolos, monjas, papas, ou seja, como uma espécie de carnaval cristão no que os meninos imitem atitudes santarronas, pondo caras fingidas e poses de pureza e santidade. Como vemos, o nome trai um ar de modernidade, como todo o que provém do mundo anglo-saxão e responde perfeitamente ao simplório atual amplamente estendido que considera que somente tem vida aquele que algaravia alguma palavra em inglês. Por conseguinte, a Igreja montou-se ao carro do modernismo e agora si que se vai acometer decididamente esta instituição a revolução pendente, da que falava José António Giron de Velasco, fiel servidor de aquele a quem os vice-gerentes de Deus na terra levaram baixo pálio durante quarenta anos, mas este novo intento de combater a natureza não se lhe augura bom futuro, porque é algo artificial e sem a força que emana das entranhas da terra, e da natureza em geral.
Assim, o dia 31 de outubro fica finalmente completinho, porque, além do santoral desse dia que venera aos santos: Alonso Rodríguez, Ampliado mártir, Antonino de Milán, Epimaco de Pelúsio, Foilán de Fosses, Quintim de Vermand, Wolfgango de Ratisbona, e os beatos: Cristóbal de Romagna, Domingo Collins, León Nowakowski, Tomás de Florencia Bellaci, agora acrescenta-se .a veneração dos todos os santos, virgens, papas, etc. etc.. O nome da celebração é mui sugestivo: o santo vence, como venceu sempre desde que se converteu em religião tolerada do império romano com Constantino e oficial com Teodósio I, no ano 381. É claro que a umas hostes dirigidas por Cristo Rey e com uma soldadesca composta por todos os santos e santas de Deus, não há exército que se lhe resista. Se o espírito do nosso Santiago, ele sozinho, foi capaz de decidir em favor dos cristãos a batalha de Covadonga, que não vai fazer um exército composto por todos os santos e santas de Deus em pleno? Que vaiam pondo a barba a remolho todos os dissidentes, infiéis, apóstatas, blasfemos e similares desta e outras religiões, porque desta si que não há quem os livre. Como medida precautória inicial, proponho que se crê a Santa Inquisição Mundial para ir preparando o caminho para a grande invasão por terra, mar e ar que se avizinha.
Que o dia dous já se celebre o dia de todos os santos isso é acessório porque não se pode celebrar com plenitude se o dia anterior se lhe dá livre acesso a uma corrente naturista e, por tanto, anticristã, capaz de minar os alicerces da Santa Madre Igreja. Nem tampouco é óbice que a veneração dos mortos já está estipulada para o dia dous de novembro, porque sempre é pouco todo o que se faça para lembrar-nos a morte e os gloriosos santos cristãos. Todo o que é terreal deve morrer em nós, como sustinha o apóstolo Paulo (3, 5-6), há que matar todo o que é terreno em nós, porque todo o terreno, incluída a felicidade terreal, é pecaminoso, e a aspiração suprema é flagelação e a morte, e se observais que algum sacerdote fala de felicidade neste mundo, já é suspeitoso por esse mero facto. A mesma natureza também comparte as conseqüências do pecado original, e os seres que a compõem são meros ídolos aos que não cumpre render culto porque isso seria idolatria; por isto, afirmava São Martinho de Braga ou de Dume: Como é que alguns de vós que renunciastes ao demônio e aos seus anjos, e aos seus cultos e às suas obras,  agora voltais ao culto do diabo? Pois acender velinhas a pedras, a árvores e a fontes e pelas encruzilhadas, que é isso senão culto ao diabo? Observar adivinhações, augúrios e dias dos ídolos, que outra coisa é senão cultuar o diabo? Observar Vulcanálias e Calendas, ornar mesas, pôr loureiros, fazer observância do pé e derramar grãos e vinho no fogo, sobre um tronco, ou atirar com pão para a fonte, que outra coisa é senão culto do diabo?”. (De correptione rusticorum, 16). Algum malicioso, coma mim, pode retrucar que, segundo a religião cristã, a natureza foi criada por Deus e, por tanto, o seu autor deseja que se lhe renda culto, mas isto não é aplicável a este caso, porque ainda que foi criada boa e perfeita por Deus, o diabo, ao que nem sem pai controla, estropiou-lhe a obra e agora devemos todos condená-la, e olhar de esguelha a todos os movimentos atuais que se defendem a ecologia, porque isso, que outra cousa é mais que render culto ao diabo?.
Outros, também maliciosos, podem alegar que o calendário anual já está saturado de celebrações religiosas, que a Igreja foi introduzindo no transcurso do tempo em substituição das naturistas, como o mesmo 25 de dezembro que era o dia em que se celebrava o culto ao sol; o dia da Epifania, que se celebra o dia seis de janeiro, era o dia do nascimento do deus egípcio Osiris, que simbolizava a fertilidade masculina; antes estava dedicado o 24 de junho ao culto ao fogo, mas a Igreja, para evitar que seguisse praticando-se pôs nesse dia a festividade de São João o Batista; no mês de maio celebravam-se os maios, festa de culto ao nascimento dos produtos do campo, e a Igreja intentou substituí-lo, sem êxito, pelo mês de Maria, etc. etc., mas todo o que se faça por lembrar os santos é sempre pouco. Tampouco é óbice que todos os dias do ano já estão saturados de santos, porque nunca é suficiente todo o que podamos fazer para lembrá-los; alguns deles sumamente meritórios, como São Cirilo de Alexandria, que, apesar de ser um criminal responsável da morte de Hipátia, e um repressor nato, foi capaz de travar íntima amizade com Deus e agora dedica-se a rogar por todos nós.
Já deixando-nos de ironias, creio que o respeito, homenagem e veneração do cosmos, da natureza e do meio ambiente, deveria ser algo que unisse a todos os seres humanos; aos aderentes ás grandes religiões monoteístas, porque reverenciariam uma obra de Deus, que não pode querer que se estrague, e seria incoerente que um cristão não ame o que Deus criou; aos aderentes a religiões naturalistas, que a consideram como objeto de culto, e ao agnósticos e ateus, que ignoram ou negam a existência dum ser superior ao mundo, mas que, sem dúvida, são sensíveis á fonte de energia e de vida que é a natureza. Por conseguinte, o Samaim poderia servir de nexo de união entre todos. Aliás, como tem documentado Rafael López Loureiro, o Samaim, que também reecolhia o símbolo da cabaça, esteve mui presente em toda Galiza até faz pouco, e, desde logo, harmoniza mui bem com o culto á natureza, com o panteísmo ou animismo, onipresente na nossa terra. Uma terceira razão seria que a festa do Samaim é uma celebração que não tem conotações religiosas, como si tem o Halloween, e seria incoerente que nos centros de ensino público se celebre uma festa religiosa. Por tanto, se o Samaim está na origem do Halloween, esteve amplamente presente na nossa terra e é uma celebração laica, parece lógico que em vez de celebrar o ritual matizado pelos usos anglo-saxões, o façamos diretamente seguindo tradições autóctones e não alóctones, e não parece acertado que os mestres e professores do ensino público se dediquem a promover o Halloween. Amando e respeitando a natureza renderemos tributo também ao movimento ecológico, ao que tão pouco sensíveis são as religiões, e permitir-nos-ia lutar pela conservação dum meio ambiente menos poluído.

27 oct 2016

Coligação vergonhosa



Parece que todo o que se diga do desnorteamento do PSOE é ficar curto porque trabalha com assiduidade para superar-se a si mesmo. O episódio de desarranjo atual arranca da reunião do Comité Federal do 30/12/2015 que decidiu, de acordo com o reiterado insistentemente na campanha eleitoral, negar-lhe o apoio á investidura de Mariano Rajoy pretextando que era um partido corrupto que não merecia governar o Estado espanhol, além de considerá-lo o seu principal adversário político. Vetou também qualquer pacto com Podemos se não renunciava a defender o referendo de autodeterminação para Catalunya, ao tempo que pedia ás demais forças que prescindissem das linhas vermelhas. Isto indica que a situação política ficava automaticamente bloqueada, ante a incapacidade dos populares para pactuar com os nacionalistas. Pedro Sánchez moveu-se nessas coordenadas e concertou um pacto com C’s, outro partido que renegava também de Rajoy, e, a seguir, pretendeu, obscenamente, que Podemos o apoiasse gratuitamente e sem ter negociado nada previamente com este partido, que, pelo tanto, ficava condenado ao fracasso, porque o partido de Albert Rivera não tem nenhum partido nacionalista periférico que queira negociar com ele por ser o partido das maiores linhas vermelhas contra pactos com eles, por considerar que o único nacionalismo com direito á vida é o espanhol.

Na campanha eleitoral para o 25/06/2016, Pedro Sánchez, com a cumplicidade de todo o partido, volve a insistir por ativa e por passiva que nunca faria presidente do governo de Espanha a Mariano Rajoy nem a outro candidato do PP. Coerente com isso, o PSOE votou em contra da investidura de Mariano Rajoy o 2/09/2016. Em vista de que a situação continuava bloqueada e abocava a umas terceiras eleições, parece que Pedro Sánchez concebeu a idéia de pactuar com Podemos e converter-se em presidente com a abstenção dos nacionalistas bascos e catalães, ousadia que os líderes do partido, com o servidor dos oligarcas, Felipe González, á frente, não estãvam dispostos a tolerar, e, aproveitando os maus resultados eleitorais no País Basco e discretos na Galiza, os barões, liderados pela andaluza Susana Diaz, decidem eliminá-lo duma vez, e dar um giro de 180 graus na direção do partido apoiando possibilitando a investidura de Rajoy incondicionalmente, e, por conseguinte, o pacto com C’s, conformando uma «aliança tripartite» vergonhosa de facto, sem importar para nada a vontade dos militantes nem as promessas que se lhe fizeram ao eleitorado. A primeira lição que se extrai de todo isto é que a subordinação aos poderes econômicos e o mantimento das portas giratórias tem a prioridade principal sobre todo o demais, e a segunda é o lncremento do descrédito da política entre a população, ao ver os seus representantes ajoelhados ante os poderes fáticos e que as mensagens eleitorais não são mais que reclamos para a captação de votos, sem vontade real de efetivá-los. O problema é muito mais grave se atendemos ao facto que se trata dum partido sumido numa profunda corrupção e que merecia uns anos de descanso para recuperar-se e poder sanear a vida pública espanhola. Porém, em vez de ter este fator em contra, os socialistas dedicaram-se a infra-valorar a mesma corrupção, manifestando que o caso de Barcenas não pode ser obstáculo para bloquear a situação política espanhola, e teriam razão se fosse a única maneira de evitá-lo, mas Podemos e inclusive os nacionalistas catalães deixaram-nos ao descoberto ao manifestar que havia claramente uma via alternativa, que eles estavam dispostos a favorecer. A terceira lição que extraímos é que a preservação dos direitos das oligarquias tem prioridade sobre a construção dum país mais saneado moralmente. Nisto influi também que o PSOE é um partido que não está isento tampouco de corrupção.

Se temos em conta que chove sobre molhado e que a traição ás aspirações dos militantes e votantes já vem de velho, o porvir do partido apresenta-se cheio de nubarrões. Hoje é bem perceptível o desânimo e a mais absoluta desorientação nas ringleiras socialistas, que os dirigentes pretendem mudar com a propaganda. Há alguns cidadãos que deploram a situação atual do PSOE por considerar que a sua presença é necessária para a estabilidade política espanhola, mas não têm em conta que todo partido é um instrumento para implantar umas determinadas políticas na sociedade e quando este instrumento deixa de ser útil para aqueles aos que pretendia servir, a sua debilidade não tem porque suscitar saudades senão que seria de desejar que desaparecesse quanto antes melhor, porque se converte numa barreira para que outros podam ocupar exitosamente o seu espaço. Nesta tessitura que o PSOE se dedique a andar cararejando que querem liderar a oposição ao PP, após tê-lo auspiciado para que governe o país, creio que não é realista, e, em todo caso, a sua oposição seria puramente nominal, porque exercer de oposição é incompatível com exercer de governante. Alguns dirigentes não se cansam de propalar que vão exercer de oposição ao PP, mas isto não é realista, além de não ser lógico. Se se dá via livre a um partido para que governe, isso implica que há que deixar-lhe governar, pois seria um despropósito depois negar-lhe que poda exercer aquilo para o que se foi upado, façam-no ou não com o nariz tapado. Aliás, dada a vulnerabilidade atual dos socialistas, o governo do PP pode convocar eleições em qualquer momento e deixá-los ainda numa situação de maior precariedade, se temos em conta a luta a morte entre os dirigentes e a desmoralização que reina entre militantes e votantes.
          
        De cara ao futuro as perspetivas são negativas, tanto pelo que se refere ao PSOE como á esquerda em geral. Agora o PSOE vai apoiar o PP, ainda mais, em momentos clave e com a maior taciturnidade e o nariz tapado para que não se descubram as suas nudezes. É um partido fraturado, sem líder na atualidade e sem que se aviste nenhum candidato capaz de suscitar o consenso entre as diversas famílias que o compõem. O espetáculo bochornoso oferecido no Comitê Federal do dia 30/09/2016, ante os olhos atentos de toda a cidadania, é um expoente claro que invalida, ou, pelo menos míngua, as possibilidades de muitos dos intervenientes nessa reunião, e mui especialmente de Susana Diaz, que, ainda que ferve em ânsias de liderar os socialistas, não demonstra ter as idéias claras do que cumpre fazer, e limita-se a oferecer trivialidades e lugares comuns, com os que é impossível governar um país. A sua promoção foi um blefe que não se corresponde com a sua valia real. Tem os seus acólitos mais aderentes principalmente no sul de Espanha, nos setores mais centristas e jacobinistas, com uma clara dificuldade para compreender e oferecer soluções para o problema territorial do país. Aliás, eu pergunto-me qual pode ser o programa que o PSOE pode oferecer ao eleitorado depois das reiteradas traições e que credibilidade lhe vai merecer aos cidadãos. Madina para mim foi uma clara decepção, pois nunca soube atuar como líder com capacidade de concitar vontades ao seu arredor, e limita-se a fazer de escudeiro de Susana. O candidato que, sem dúvida nestes momentos parece o mais capaz é José Borrell, se bem está sem aclarar qual poda ser a sua capacidade de suscitar adesões.

Para a esquerda em geral, a notícia não é boa, porque parte da esquerda histórica. As reformas de calado vão ficar aparcadas, e, em todo caso, vão estar protagonizadas e vão estar ao serviço, prioritariamente, dos setores mais conservadores do país e jacobinistas. Todo indica que Rajoy considera que, neste momento, está numa posição de vantagem para liderar uma reforma constitucional que não seja lesiva para os interesses da direita. Em Maré tampouco sai mui bem parada porque as políticas que poderia defender nos governos locais vão estar condicionadas pelo apoio do PSOE ao PP, e será muito mais difícil estabelecer pactos no futuro, porque a desconfiança vai ser a tônica dominante nas relações entre ambos. Para os nacionalistas catalães, a notícia não é boa porque vão topar-se com um governo que vai pôr todos os obstáculos possíveis para abortar de raiz as suas aspirações, com um PSOE que vai atuar como um mosqueteiro leal nessa política de conculcação dos direitos dos povos. Ao BNG, que costuma pactuar com os socialistas, a situação também se complica, e deve estar alerta a que casos como os da Deputação de Lugo se vão repetir porque os seus companheiros de viagem não são de fiar.