Dizia o filósofo Sócrates que ele somente sabia
uma cousa, que sabia que não sabia nada. Triste desgraça a deste insigne
intelectual, mais ainda pior é a minha porque nem sequer sei se sei ou se não
sei. Quantas vezes suspirei por ser como
Platão que já sabia todo a nativitate! A mim a deusa Atenea deixou-me
totalmente desvalido, e, em conseqüência também aos meus netinhos, que, segundo
constato um dia e outro também, não têm traça nenhuma de possuir mais saber que
o que aprendem e em muitos casos com sacrifício.
Claro que se o penso com detidamente tampouco é tanto problema. As oligarquias já têm solucionado os meus problemas econômicos e a sua aliada, a igreja, os problemas morais e os do destino de ultra-tomba, e, por tanto, que mais quero? Ninguém afirmará, suponho, que o domínio total que hoje exercem as oligarquias no mundo se constrói sem saber. Quando existia a URSS ainda por vezes se punha em questão essa profunda sabedoria que as caracteriza, mas já se viu que os fundamentos do regime socialista estavam baseados num saber efêmero que se desfundou como um castelo de naipes e hoje o domínio das oligarquias é total e absoluto. Nos nossos dias o socialismo não existe e a chamada social-democracia, ao igual que os conservadores e liberais, são somente os gestores das finanças dos oligarcars. Que maravilha esta sociedade de classe única, a oligarca, que toda a população se limita a louvar e imitar para escapar da sua precariedade! Definitivamente está claro que Leibniz tinha razão e vivemos no melhor dos mundos possíveis.
Fixem-se que equivocado estava que pensava que
não pode sustentar-se uma sociedade consumista sem pessoas que consumam, porque,
pensava eu, se não se consome, os compradores não necessitam tantos empregados;
se não há empregados, aumenta o paro; se aumenta o para aumentam as subvenções
aos parados, e, por tanto, o gasto social; se aumentam os parados, diminuem os
dinheiro que a gente tem no peto, e, por tanto o consumo, e também diminuem as
receitas da fazenda pública para pagar o gasto social e manter os serviços
públicos; se diminuem as receitas não se podem equilibrar os ingressos e gastos
e isso incrementa o déficit e a dívida pública. Dei-me conta do equivocado
estava ao ver que o PP logrou a quadratura do círculo e fez-nos felizes a
todos. Há empregos para todos e de todas classes: por horas, por dias, por
semanas, de dia, de noite, a dous, três, quatro, cinco, seis,... euros a hora,
e, para que ninguém se queixe, inclusive a mil ou dous mil euros a hora. Já
dizia Leibniz que não mundo deve haver de todo: gozos, alegrias, dores,
doenças, sofrimento, etc., pois todo contribui ao equilíbrio cósmico.
Mas, não para aí a cousa. Eu pensava também que
há que ser responsável no gasto, ainda que muitas vezes é, não só conveniente
senão também necessário endividar-se em aras de impulsar o crescimento das
empresas e incrementar a taxa de emprego. Mas, as oligarquias fizeram-me ver
que também estava equivocado. Não há que gastar o que não se tem, esse é o
slogan que cumpre interiorizar e repetir incessantemente como um encantamento
para chegar a estar profundamente convencido desta sempiterna verdade. Mas, eu
pergunto-me, para que queremos as entidades de crédito? a quem se recorreria
depois para obter o financiamento preciso para pagar os serviços públicos? Não
será que o PP e o PSOE querem fechá-las todas as entidades financeiras para
dar-lhe na cabeça aos que sustêm que somente são gestores das oligarquias e, ao
mesmo tempo, aforrar a sua avultada dívida financeira com os banco por desaparição
do prestamista? Não será que querem duma vez acometer a revolução pendente da
que falava o ínclito José Antonio Girón de Velasco?
As oligarquias velam pelos cidadãos de a pé
muito mais que nenhuma das divindades conhecidas. Esta vigia faz que meditem
dia e noite em elaborar tratados que podam fazer-nos felizes: Globalização, WTO,
NAFTA, TPP, TTIP, TISA,... todos eles concebidos e promulgados para ajudar á
gente do comum. Alguns dizem que é mui suspeitoso esse segredismo com o que se
fazem, mantê-los em segredo vários anos após a sua aprovação e também que
intentem aprová-los de costas á cidadania, mas isto é totalmente infundado.
Somente o fazem assim para aforrar-lhe trabalho á gente e para que não rompa a
cabeça desnecessariamente em conhecê-los. Aliás, isso seria duvidar da sua boa
fé e isso é pior que a apostasia contra a divindade. Eles trabalham para criar
um mundo harmônico e destruir todas as causas dos ódios e malquerenças, e isso
somente merece o nosso agradecimento e a nossa gratidão eterna.
Mas, esse domínio harmônico e global das
oligarquias vê-se deslustrado por certos países e pessoas díscolas, sempre há
ressentidos que não estão contentes, aos que cumpre declarar-lhe a guerra sem
quartel para lograr uma harmonia unânime em todo o universo, ad majorem
pecuniae gloriam. Só por citar alguns elos desta luta, começou com Grécia, país
que quis pôr em questão a evidência, ou seja, a sabedoria e equanimidade dos
máximos representantes da oligarquia global, a denominada troika. Continuou
pelo Brasil, que tinha uma presidenta inexperta elegida por uns votantes
irreflexivos, e que obrigou aos sisudos, ponderados e imaculados representantes
da oligarquia a intervir para salvar o país da quebra e do caos. Uma vez mais
deram um exemplo preclaro de patriotismo e de altruísmo perante os cidadãos de
todo o mundo. É difícil entender que haja gente que não reconheça esse
meritório labor.
O seguinte, ou anterior, que mais dá, foi
Venezuela, que tem a metade da sua população no cárcere e onde não se cumprem
as mais elementares normas da democracia. Reparemos que ainda não foram capazes
de promulgar uma lei mordaça, como a que temos em Espanha, apesar dos resultado
tão positivos que está produzindo no nosso país. Tem uns governantes que se
dizem elegidos em votações limpas, mas sabe Deus que fariam para obter este
certificado de credibilidade. Reparemos também que têm uns mídia tendenciosos e
majoritariamente escorados cara ás oligarquias, que os revoltosos de turno
criticam, mas que, eu penso, é uma grande vantagem porque contribui á harmonia
e á paz social. Tenhamos em conta também que têm uns meios públicos favoráveis
ao governo, entretanto em Espanha há também algum deles escorado cara ao PSOE,
e que acredita a imparcialidade do sistema. Os mal pensados criticam que em
Espanha os dirigentes destes meios são nomeados pela governo, quando esse é o
maior sinal de imparcialidade, porque o governo é quem melhor sabe o que há que
fazer no país. Mas o governo deu a sua maior prova de previsão ao convocar o
Conselho de Segurança Nacional para tratar a situação de Venezuela. Sabia que
os imigrantes espanhóis nesse país, todos eles de tendência bolivariana,
preparavam um desembarco em Espanha ás ordens de Maduro para arrasar o país,
mas, mercê a esta previssão governamental, o tiro saiu-lhes pela culatra. Que
se fodam, como dizia a outra dos obreiros!
Para atalhar esse enorme caos que sofre
Venezuela, Espanha exportou por uns dias ao alto representante das oligarquias
e campeão mais puro centralismo, o presidente de C’s, Albert Rivera, para
instruir a estes analfabetos venezuelanos, que ainda andam com tangas, sinal
inequívoca do seu primitivismo biológico. Mas este político espanhol, sempre
tão reflexivo, não foi de qualquer maneira, senão previamente instruído e
lecionado por dous grandes presidentes, nada suspeitosos de favorecer as
oligarquias, González e Zapatero. Com esta preparação e a ilimitada verborréia
do candidato, o resultado não pode ser mais esperançado. Fixemo-nos no
eloqüentes que são estes três senhores que souberam descobrir o que o comum dos
mortais ignora, que o nosso destino depende do nosso labor de redenção de
Venezuela. Somente os mal-pensados, e há tantos neste mundo!, podem afirmar que
lhe foram prestar um serviço á CIA, quando o único que fizeram foi servir aos
sábios oligarcas que põem todo o seu afã e altruísmo, que é infinito, em
fazer-nos felizes. Este político, que somente aspira a servir á cidadania, de
aí o nome do seu partido, diz em Venezuela verdades como punhos: “somente vim
para ajudar”, que sem dúvida o diz para dar-lhe nos narizes aos mal-pensados,
pois a nenhuma pessoa de bem lhe cabe na cabeça que poda ir para outra cousa.
Alguns dizem que ninguém pediu a sua ajuda, mas não se dão conta que uma pessoa
preocupada pelo interesse alheio ajuda ainda em contra da vontade dos
destinatários, porque o fundamental é ajudar para fazer felizes aos demais.
Dizem também que se enterneceu e chorou ao ver semelhantes carências na
população e que tinha bem de que chorar em Espanha: parados, mendigos, meninos
mal-nutridos, pessoa sem ingressos vitais de nenhuma classe, desigualdades
sociais escandalosas, mas os que aduzem isto não se dão conta de que os de
Venezuela sabem chorar melhor, e, no caso de Leopoldo López já o vem fazendo
desde há muito tempo por não ter podido desbancar aos chavistas e aceder ao
governo do país.
Em Espanha o entorto a remediar é o partido
Podemos, com vínculos claros com os bolivarianos, e que ninguém venha com
endrôminas de que isso não está provado, porque há cousas que são evidentes
ainda que não estejam provadas e ademais isto somente obedece a que tem
comprado o poder judicial espanhol, que agora somente vê pelos seus olhos. Aliás,
se algo não está provado cumpre atuar preventivamente para que não chegue nunca
a provar-se, e para isso o melhor é um bom ataque, como dizem os treinadores de
futebol, que disto sabem um montão. Está claro que o problema do país é Podemos
e que o interesse geral deve concentrar-se em eliminar duma vez todo o que
cheire a lutar pela maioria social, porque a única e autêntica libertação é a
da oligarquia, que se desvela na procura do nosso bem e da nossa felicidade
coletiva.
No hay comentarios:
Publicar un comentario