Saturno, deus
romano da geração, dissolução, abundância, riqueza, agricultura, renovação e
libertação, corresponde ao grego Cronos, símbolo do tempo, do eterno nascer e
perecer das cousas. Filho benjamim do deus romano Caelus, Céu, e da deusa
Tellus, Gáia, Terra, que correspondia á antiga deusa Cibeles, dominou ao seu
pai e mutilou-o no momento em que se acercava a sua esposa para engendrar de
novo. Uma vez destronado o seu pai, fez um pacto com o seu irmão primogênito
Titão pelo qual poderia reinar, mas sempre que não deixasse descendência, com a
finalidade de que o reino ficasse na linha do morgado. Saturno casou com Ops
(Rea) com a qual teve vários filhos, mas com a finalidade de não ser despossuído
do seu trono devorava-os enquanto nasciam. Ops, para evitar a morte dos seus
filhos, oculta a Júpíter, Neptuno e Plutão, e só amostrou a sua filha Juno.
Conhecedor o engano, Titão encarcera a Saturno e a Ops. Uma vez adulto, Júpíter
fez-lhe a guerra ao seu tio Titão, destrona-o e devolve-lhe o reino ao seu pai.
Saturno intenta matar a Júpiter, mas foi derrotado por este, que se apoderou do
Céu.
Quando aqui falamos
de esquerda filoespanholista, referimo-nos aos ao conglomerado híbrido formado
pelas formações que conformam o que neste momento se conhece como En Mareas,
com um nome em espanhol como deve ser e como faria toda pessoa sensata e de
sentido comum. É filoespanholista porque dos três grupos que a integram, dous são
claramente espanholistas e sem interesse nenhum em praticar uma política
proativa favorável aos interesses do povo galego. Isto não é um reproche para
as citadas organizações, senão uma constatação do que cada um é, e é evidente
que cada organização política tem a sua estrutura, natureza e dinâmica próprias de acordo com as quais,
se quer ser coerente, tem que atuar. O que é Anova eles terão que dizê-lo, mas
não devem esquecer que, como diz o adágio popular, “Diz-me com quem andas e
dir-te-ei quem és”, e também o que disse Jesus de Nazaré: “Pelas suas obras,
conhecê-los-eis”. Dizemos neste momento porque este conglomerado tem já data de
caducidade.
Os discursos do Sr.
Beiras amostram nas últimas datas uma grande simpatia pelas esquerdas européias
das que nos lecionou a propósito da eleições ao Parlamento europeu, e pelas
esquerdas espanholas, com as que contraiu um matrimônio após abandonar o seu
lar paterno que era o BNG, por considerar que são as predestinadas a redimir aos
indígenas galaicos, que tanta falta nos faz. Poderia e deveria explicar-nos
quais são esses supostos benefícios que a Galiza extraiu do alterne com as
esquerdas da sua candidata em Bruxelas. A respeito do alterne com as esquerdas
espanholas até o momento, o povo galego só conquistou um retrocesso enorme, de
tal modo que hoje a Galiza tem menos consideração no Estado espanhol que Valência,
com uns partidos nacionalistas que nasceram ontem. Como dizíamos num artigo
anterior: “sem grupo próprio, sem primárias e com minifundismo político”. Este é
o panorama e, segundo o meu parecer, já lhe podemos retrucar a Beiras e aos
seus: “Assim è como se destrói um país e a sua auto-estima”.
O Sr. Beiras decide
matar ao seu pai, e entendo por tal, como é óbvio, não o seu pai biológico senão
ideológico, que era o seu admirado Garcia Sabell e o seu entorno pinheirista,
com um galeguismo mui sui generis, que construiram Realidade Galega para tratar
galeguizar aos partidos espanholistas, terminando por converter-se no setor
galeguista do PSOE, e, narealidade, em meros espetadores mudos e legitimadores
do jacobinismo socialista. Uma vez consumado o parricídio estabelece um matrimônio
que parecia sólido e definitivo com a NA-PG, UPG, PSG e independentes, para dar
nascimento, a uma criatura denominada BNG, mas o matrimônio esfarelou-se
enquanto o grande vendedor do produto, embora com limitações claras em organização
e análise crítica da realidade, o Sr. Beiras,
que estivera a ponto de converter-se no Presidente de Galiza, começou a
recuar eleitoralmente, após uma dura campanha dos mídia autóctones na sua
contra, provocando o seu despido democrático, mas prematuro, improcedente e sem
um recâmbio com dotes similares de marketing no BNG,. A partir desse momento, a
política nacionalista converteu-se num campo de batalha na luta pelo poder para
conseguir a pátria potestade da criatura, acompanhada de de ódios e
ressentimentos, dos que o povo galego foi o principal prejudicado.
Em 2012, a formação
do Sr. Beiras decide promover um novo matrimônio, esta vez com a líder dum
partido espanholista, Yolanda Díaz, de cuja união nasce AGE (Alternativa Galega
de Esquerdas), ressuscitando assim o dirigente caudilho galaico a velha pretensão
de Realidade Galega de cristianizar os partidos estatais para convertê-los em
adaís do nacionalismo e do seu direito de autodeterminação. Parece que a experiência
soviética não foi suficiente para evidenciar que uma cousa é reconhecer um
direito e outra mui distinta efetivá-lo. Tampouco basta o que pregoa em teoria
a Constituição Espanhola sobre os direitos e liberdades, por exemplo, o direito
ao trabalho, para terminar conculcando-o a diário na prática. Parecia que políticos
curtidos e de longa experiência deveriam estar imunizados contra a ingenuidade
política, mas parece que não necessariamente é assim. A criatura durou bem
pouco e os seus pais devoraram-na ao pouco de nascer para que não amostrasse ao
mundo as suas imperfeições. Como em todas as cousas que passam a melhor vida, a
gente decide não pedir-lhe responsabilidades a somente ensalçar ritualmente as
suas imaginadas virtudes, e silenciar os seus defeitos, para grande alegria dos
seus progenitores.
Nas vésperas das
eleições de 2015, o matrimônio decide unir-se com Podemos e agrupações cidadãs,
para dar nascência a criatura Em Marea, que teve um batismo rutilante nas eleições
do 20D, mas de seguida se viu que era em realidade ouropel, pois a criatura
amostra defeitos que a fazem inviável, e os pais já decidiram devorá-la e só
silenciar as suas imperfeições para poder mantê-lo com vida artificialmente até
as próximas eleições do 26J deste ano 2016. O problema é que os progenitores não
se põem de acordo, como lhe aconteceu com AGE, para dar-lhe a alimentação e
formação adequadas ao neonato, e, como é normal, a criatura morre. Não lhe
pidamos tampouco responsabilidades a esta expirante criatura exigindo-lhe
cousas que só se lhe ocorrem a cretinos, Rubén dixit, como lograr ter um grupo
parlamentar próprio em Madrid, silenciar os problemas do povo galego, ou semelhantes.
Há que ser respeitoso com as pessoas com um prognóstico tão pessimista e já com
data de falecimento anunciado. Há que manter sempre um mínimo de bom gosto e
sensibilidade. Agora, o carismático líder
galego, já têm que reconhecer ante a cidadania que a criatura tampouco vai
superar a prova do grupo parlamentar que tanto pregoaram como justificação do
seu parto dos montes da fábula de Esopo. Anova até ameaçou com tomar medidas se
a coligação não participava como partido instrumental para ter opções a ter
grupo parlamentar, mas onde há patrão não manda marinheiro. Que felizes somos
por poder presenciar um fenômeno poucas vezes dado contemplar aos humanos, como
é a doma e castração dum leão, capaz de rugir com verbo altitonante ante as
multidões, petar na mesa de presidentes e deputados para pô-los firmes e sacar
zapatos em parlamentos, e agora ei-lo em presença de todo um povo orelhas
agachas, sem discurso político, humilhado ante os seus e, ao tempo que come o pó,
limitando-se a dizer: não há tempo,... Já por espetáculos desta índole valia a
pena uma e mil vezes viver num povo do Noroeste peninsular.
Como fruto das
infidelidade dos pais de Em Marea, surgiram filhos a eito: Mareas em Común,
Mareas municipalistas, Mareas vivas, Marea Atlântica, Marea de Ourense, e
outras que seria mui tedioso enumerar. Alguns mau-pensados dizem que estão a
marear a gente, mas são pessoas seguramente decepcionadas pelas suas escassas
ou nulas dotes reprodutivas. Agora do que se trata é de que os pais de Em En Marea
não se põem de acordo sobre quem devem ser os pais da nova criatura que se
anuncia, pois como eles já vão velhos decidem que converter-se em avós e que
sejam algum dos seus filhos quem alumiem o novo ser que todos estamos
expectantes por receber com o alvoroço e
as alvíssaras que se merece uma nova criança numa etapa em que se necessita
tanto incrementar a natalidade. Que pena que não existam os tão famosos e
cacarejados prêmios á natalidade que repartia o grande Timoneiro, para que pais
tão prolíficos vissem reconhecido o seu esforço procriador!
Há, porém, uma
diferença notória entre estas devorações e as do deus Saturno, pois nas atuais
não existe nenhuma piedosa Ops, senão que participam nelas de mútuo acordo
tanto o pai como a mãe, e tal vez também, como nas anteriores, avós, irmãos,
tios, sobrinhos e demais família, mas quiçá não se salve nenhuma destas
infelizes criaturas. Ou haverá um hercúleo parente que logre ressuscitá-las?
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