Grandes iniciativas ficam se desativadas
se não surge um ou uma líder que aglutine as vozes dispersas e lhe dê o eco que
precisam para calar na opinião pública e converter-se num movimento de massas,
único jeito de incidir nas consciências e propiciar um câmbio de tendência no
organismo social.
A luta contra o câmbio climático
é o problema mais importante com o que se enfrenta a humanidade nos nossos dias
porque se o planeta se volve inabitável todo o demais sobra, e surpreende a
lentidão com a que se tomam as medidas precisas para deter essa deriva cara ao
precipício da que vem insistindo a ONU desde faz já algum tempo. Num informe
desta organização de data 15/03/2019 declara que o 95 por cento da população
mundial vive numa nuvem tóxica, e, portanto, respira ar contaminado. Alerta que
se não se incrementam drasticamente as proteções ambientais poderiam
produzir-se milhões de mortes prematuras, cara ao ano 20150, nas cidades de
Ásia e África, e insiste em que cumpre transitar cara a um desenvolvimento
sustentável.
O reto ao que nos enfrentamos é
de primeira magnitude e continuamos caminhando a passos de tartaruga para
remediar a hecatombe. A isto há que acrescentar a grande insensibilidade das
elites econômicas e políticas, especialmente de países como os EEUU de América em
que a Administração Trumpo se dedica a negar o problema e pretende que os
outros países corram com o custo dum problema criado, em grande parte,
precisamente por ela, por ser este país o segundo maior contaminante do
planeta. As elites oligárquicas, por uma parte, fazem negócio a custa da venda
de combustíveis fósseis que inundam a atmosfera de CO2, NO2 e metano (CH4), que
é um gás que atrapa 20 vezes mais o calor que o dióxido de carbono, e pola
outra, beneficiam-se da luta contra o câmbio climático que realizam os demais.
A solidariedade inter-geracional
é um conceito básico em ética, porque não é correto fazer o que à geração atual
lhe acomode e às vindoiras que as parta um raio. Assim como não podemos
desentender-nos dos que hoje o passam mal, tampouco podemos deixar-lhe às
gerações futuras um mundo inabitável. Outro princípio que deveria abrir-se
passo com presteza é o câmbio de mentalidade sobre o mundo que nos rodeia:
mineral, vegetal e animal infra-humano. A ética tem que ser global ou não é
nada. Os vegetais fazer possível a vida na terra e os animais são seres
sencientes que são os nossos companheiros de viagem. Isto implica que é um
atentado contra eles tratá-los como meros instrumentos do nosso prazer e dos
nossos passatempos. A caça, as corridas de touros e as pelejas de cães e galos
colidem com uma consciência ecológica lúcida e respeitosa com os direitos dos
animais, especialmente dos sencientes. O cuidado das árvores, a preocupação
polo equilíbrio dos elementos que constituem o meio ambiente e,
consequentemente, a luta contra a degradação do solo, a contaminação, o consumo
excessivo de auga, a degradação da atmosfera e a preservação da biodiversidade
constituem também o eixo básico duma ética ecológica.
Entre as medidas que propõe a
ONU figura a diminuição do consumo de carne, porque a cria de gado produz
anualmente uns 115 milhões de toneladas de gás metano nos processos de nutrição
animal. O simples eructo duma vaca produz entre 80 e 120 quilos de metano ao dia,
devido a que têm no intestino baterias que o produzem na fermentação do
processo de digestão.
A sensibilidade das pessoas continua
sendo deficiente, incluso de pessoas que lecionam aulas e que pola sua
profissão estão obrigadas a formar-se uma ideia desta ameaça para a humanidade.
Foi especialmente sintomático que todo um catedrático de física, coirmão do
anterior presidente do governo negasse o câmbio climático pretextando que se
não podemos predizer o tempo que faz amanhã, como imos saber se existe câmbio
climático? Em base a esse negacionismo de todo um catedrático de física, Rajoy sentenciou
que “o câmbio climático tampouco o podemos converter no grande problema
mundial”.
A nível político não se tomam as
decisões necessárias para preservar o planeta vivo com a rapidez que seria de
desejar. Os políticos, tendo em conta que o movimento dos coletes amarelos na
França se desencadeou como protesta contra um imposto ao carbono, não se
atrevem a tomar as medidas precisas para procurar deter os efeitos perversos do
câmbio climático: secas e inundações mais frequentes, ciclões, suba dos níveis
da auga dos mares, perda de biodiversidade,... Entendo que, em realidade, a
luta na França, que depois se estendeu a outros países europeus, não se deve
tanto ao imposto citado senão à situação de precariedade dos trabalhadores
europeus que não são capazes de levar uma vida digna, ao tempo que as elites
econômicas amassam a cada passo mais dinheiro com a cumplicidade dos seus
corifeus políticos. A gente assume normalmente as medidas necessárias para
deter o desarranjamento do clima e do meio ambiente, mas exigem que as
oligarquias também façam sacrifícios.
Os governos do PP foram
especialmente insensíveis na luta contra o câmbio climático. Implantaram o
imposto ao sol para beneficiar as elétricas e não tomou nenhuma medida para
implantar os veículos elétricos. Na Galiza, paralisaram o concurso eólico que
atrasou o desenvolvimento das energias renováveis, enviando-lhe uma mensagem
errônea à cidadania. A política florestal é insatisfatória porque fomenta a
implantação intensiva de espécies pirófilas, de plantas que favorecem os incêndios
florestais.
O governo espanhol do PSOE deu-lhe
um impulso à luta contra o câmbio climático: eliminou o imposto ao sol, anuncia
medidas de encerramentos das centrais de carbono e também obrigaram que as
gasolineiras instalem carregadores de baterias para veículos em 2020, mas não
foi capaz de aprovar o decreto sobre contadores individuais de calefação apesar
de ter o projeto preparado desde o mês de setembro de 2018. Suponho que será
por medo a que aqui se estenda o movimento dos coletes amarelos. Isto impede
que as comunidades de vizinhos não se decidam a tomar medidas de eficiência
energética, por aquilo de que é melhor esperar e ver como queda.
Greta
Thunberg, uma mocinha sueca de 16 anos, diagnosticada como com o síndrome de
Asperger, que se engloba dentro do Espectro de Transtorno Autista, que, no seu
caso se carateriza por ver o mundo em branco e negro, ter dificuldade para
fingir e mentir e desinteresse polos jogos sociais, converteu-se no ícone da
luta contra o câmbio climático. Desde agosto de 2018 vem protagonizando greves
todos as sextas feiras, e logrou que a sua sensibilidade se estenda-se já aos
moços e moças de muitos países. Em mais de 270 cidades já se produziram
manifestações secundando os seus objetivos. Não podemos por menos de
transmitir-lhe os meus parabéns, ademais de pola sua inteligência e serenidade
na exposição, por ter aglutinado uma parte significativa da juventude mas
sensível dos nossos numa luta que merece a pena, porque é uma luta polo
bem-estar da sua geração e das que lhe sucederão. Este despertar juvenil por
uma causa justa e vital para o porvir do planeta, une-se ao despertar das
mulheres para lograr a igualdade de direitos a nível social com o varão.
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