Já criticamos no seu momento as
operações de mistura de projetos políticos que originariamente não compartiam o
mesmo modelo de estado, ou seja, a maridagem de projetos nacionalistas galegos
com projetos nacionalistas espanhóis. Este foi um erro persistente no
nacionalismo e galeguismo do nosso país desde a transição de 1978 e praticada
polos mesmos dirigentes que teoricamente manifestavam doestá-la. Desconfiando das
suas próprias forças e da viabilidade dos projetos radicados na Galiza,
espalhavam aos quatro ventos que os problemas galegos se resolveriam com a camaradagem
com as esquerdas unionistas, e incluso se sugestionavam a si mesmos e fiavam a
solução do problema galego ao convívio com as esquerdas europeias e espanholas,
aliás fortemente espanholistas.
Começaram a ceder nos princípios,
concordando com a esquerda «desunida» espanholista em
que neste momento era mais importante o problema social que o problema de
identidade, como se fossem incompatíveis e não pudéssemos cantar e montar a
cavalo ao mesmo tempo, ser nacionalistas e esquerdistas simultaneamente.
Sentado isto, o único que interessava era o êxito fácil, ainda que fosse a
custa de projetos descafeinados e mal articulados nos que literalmente se
hipotecava o futuro do país ao tempo que contribuíam a descabeçar as forças
próprias e ressuscitavam cadáveres aos que lhe entregavam a representação
política da nossa terra. Isto compassava-se de frases grandiloqüentes, de
retórica vazia e de mística pseudo-revolucionária só ao alcanço das elites
iluminadas que são as únicas que podem aceder ao conhecimento da autêntica
realidade, do que estão excluídos os errantes mortais.
O BNG não servia, a AGE
passou-lhe o mesmo, Em Maré tampouco; a solução é criar outro novo instrumento cometendo
de novo os mesmos erros de maridagem? Perante o fracasso estrepitoso desta
operação, agora toca culpar ao «outro» dos próprios
desatinos para continuar exercendo de grandes timoneiros dum povo galego ao que
levaram a um beco sem saída. Dá nojo ver que os cidadãos galegoss, que chegaram
a colocar o nacionalismo galego como segunda força no 1998, contemplam agora
atônitos o desnorte dos líderes beneficiados com o seu apoio entusiasta e
sincero. Quantos optaram por outras alternativas por não considerar merecedor
da sua confiança o projeto nacionalista! Alguém deveria pedir perdão, mas isso
também necessita um valor que não está ao alcanço de todos.
Hoje contemplamos que o BNG que
passou de 300 mil votos em dous mil foi decrescendo nos seus apoios até obter
nas últimas de 2019 só 93.000, com um incremento notório sobre 2016, mas totalmente
insuficiente. É uma força que tem o mérito de ter-se mantido sempre fiel a um
projeto de país, mas cumpre abri-lo mais à sociedade. Em Maré só chegou nestas
eleições a 17.700 votos, como resultado do fracasso total do hibridismo, que, ao
tratar-se de eleições gerais, beneficiou a Unidas Podemos.A
este estrepitoso fracasso também contribuiu a falta de compromisso do grupo
parlamentar de Unidos Podemos com Galiza, que não defendeu os interesses do
nosso país. O resultado é que enquanto
várias comunidades de Espanha, além das nações históricas, obtiveram
representação em Madrid, Galiza, uma vez mais ficou sem representação.
Creio que não é momento de deixar-nos
vencer polo desânimo, senão de chegar a acordos entre todos os nacionalistas,
militem numa formação ou noutra, que concordem no princípio de autodeterminação
e que creiam no futuro deste velho país e nas suas gentes. Cumpre começar um
projeto de desconstrução do hibridismo e apostar por forças próprias como
princípio cardinal. Se a convivência de militantes nacionalistas galegos tem os
seus problemas, como se pôs de manifesto no 2012, muito mais problemática é a
convivência de nacionalistas galegos e espanhóis, e não se trata de que uns
sejam melhores que outros senão de que as dinâmicas de ambos nacionalismos são
distintas. Eu considero que muitos dos militantes de Em Maré, especialmente que
são membros de Anova são muito válidos para defender um projeto de país, e esta
formação poderia coligar-se com o BNG para somar entre todos. Creio que os que
conduziram à situação atual devem ceder a outros o seu protagonismo.
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