26 feb 2016

Pacto PSOE-C’s: «nascetur ridiculus mus»

«Montes parturient, nascetur ridiculus mus», os montes parirão, nascerá um rato ridículo. Numa fábula de Esopo relata-se que os montes dão sinais terríveis e estar de parto, que infundem tremor a quem os escutam. Porém, após estes sinais terríficos, dão a luz um rato irrisório, absurdo. Esta fábula vem mui a propósito a respeito do pacto subscrito entre o PSOE, partido que se diz de esquerda, e Ciudadanos, partido que oculta a sua inclinação sobre o modelo de sociedade, mas que, pelo seus programa, podemos dizer que é de direita dura, e, com respeito ao modelo de estado, é de ultra-direita. Todo o que soe a direitos dos povos é anatematizado com a máxima contundência por esta formação, em vez de legitimação a sua organização em base ao seu reconhecimento, e não ancorar-se na Espanha unitária e uniforme que impôs a monarquia borbônica e consagrou o regime franquista. Claro que o que para um é um parto falhido para o outro pode ser um grande bom tacho, e isto é o que pode passar no caso que nos ocupa.

É difícil de entender que um partido político que sumiu este país na quebra, juntamente com o PP, ofereça como via de saída á situação atual a representação duma farsa bufa, que tem como convidados aos sofridos contribuintes, desprezando as pautas racionais e os resultados eleitorais. Faz já algum tempo que lhe venho comentando aos meus conhecidos que o PSOE não estava interessado em nenhum pacto com Podemos, senão que as suas pretensões eram intentar ocupar o centro com a finalidade de isolar a este partido, qualificando-o de extrema esquerda, de intentar romper Espanha, dos «consabidos» nexos com Venezuela e Irão, imitando o que pregoam alguns bufões tertulianos, e de que a formação morada declarara querer substituir o PSOE, como se todo partidos não pretendessem legitimamente dominar e vencer aos demais. Baseava os meus agoiros em que, desde o primeiro momento, lhe deram uma grande predileção a C’s: como favorecê-lo na sua representação na mesa do Congresso, as freqüentes reuniões de Pedro Sánchez com Rivera, ao tempo que se negava a reunir-se com Iglesias, atuar em comandita com C’s para negar-lhe o grupo parlamentar ás confluências, e o dar-lhe uma lambada a Podemos colocando-o no galinheiro do Congresso. A alguém com o que se quer trabalhar, pensava e penso, não se lhe faz estas afrontas. 

Via-lhe, com todo, uma remota possibilidade a um pacto de esquerdas porque o PSOE podia jogar ao despiste e considerava que uma coligação com C’s era impossível que saísse porque os números não dão, e supunha que ninguém dos que foram postergados ia ser tão ingênuo que quiser fazer presidente a Pedro Sánchez altruistamente simplesmente por ficar prendados da sua figura. Supunha e suponho que todos os demais partidos que estavam á sua esquerda não estaria dispostos a imolar-se na altar do PSOE, para fazer presidente do governo ao fenômeno Pedro Sánchez, que faz méritos para dar-lhe a razão á monja Luzia Caram quando disse: “Parece-me que Pedro Sánchez tem mais talante que talento. Sinto-o pelos amigos do PSOE. Necessitamos gente comprometida mais que fachada”. O caso é que a este ínclito candidato, que foi humilhado e atado em curto pelos seus, numa clara mostra de desconfiança para a sua pessoa e valia, não se lhe ocorre nada melhor que esquecer todas as suas promessas de campanha eleitoral e as críticas aos partidos da direita, e aceitar quase todas as propostas de C’s, que podem perfeitamente ser subscritas pelo PP, com Rajoy ou outro de candidato, para estabelecer de facto, a grande coligação, que proscreveu na campanha. Parece que os políticos espanhóis andam á competência para ver quem faz mais méritos para desacreditar a política ante a cidadania, farta de ver como se incumprem todas e cada uma das promessas sem que passe absolutamente nada, porque parece que está é a Meca dos fala-baratos, da mentira pública e da falta de seriedade e rigor.

O PP agora tem que decidir-se se governa pelo seu vigário no Parlamento, o duo ibexiano PSOE-C’s que sempre poderia justificá-lo, com declarações grandiloqüentes, como a sua anteposição por acima de todo dos interesses de Espanha, vendendo como um serviço á pátria o que é serviço ao patrimônio, ou se decide botar abaixo esta coligação, ferido o seu amor próprio pelo facto de não poder governar em pessoa, apesar de ser o partido mais votado. Considero que todo dependerá de como veja o panorama que se abre ante ele. Apresentam-lhe também em bandeja outra alternativa, que é, uma vez fracassado o primeiro ato da farsa, oferecer-se como os salvadores da situação apresentando como programa de governo o mesmo pacto subscrito agora por PSOE-C’s, e que deixaria ao PSOE com nenhuma desculpa convincente para não apoiá-lo. Certo que nesse pacto se indica que vão desaparecer as deputações, mas isto não deve ser nenhum obstáculo, desde o momento que os mesmos barões do PSOE discrepam disto e que Rivera está desejoso por fazer frutificar a grande coligação. A sua alternativa do dirigente da formação laranja sempre será ganhadora, porque já se tem consagrado ante a cidadania como dialogante e fiável para os seus patrocinadores, que são os grandes empresários; a do PSOE sempre será perdedora, porque o seu descrédito ante a cidadania vai-o colocar numa situação limite; e o PP também, dum modo ou outro, por si ou vicariamente, vai conseguir os seus objetivos. A única que pode parar este dislate do PSOE é a militância votando não a este pacto. 

Uma vez estabelecida a grande coligação de direitas, com o PSOE de comparsa, o que cumpriria seria justificá-la mediante a mentira e a manipulação da informação, dirigindo todos os dardos contra Podemos para culpabiliza-lo de que a a alternativa de esquerdas não prosperasse, por acima de cornudo apaleado, prevalendo-se do escandaloso controle público dos meios de comunicação para manipular e intoxicar a cidadania. O mestre de cerimônias e promotor de toda esta confusão é Felipe González e o seu ex-vice-presidente Alfonso Guerra, e tem como mosqueteira á presidenta andaluza Susana Díaz.  

Se fracassar a campanha manipuladora, o PSOE em geral e o próprio Pedro Sánchez em particular, creio que não têm o futuro mui doado, porque esta política de incumprimento das promessas de campanha eleitoral chove muito sobre molhado e a cidadania poderia optar simplesmente por dar-lhe as costas a tanto engano e falsidade, para terminar favorecendo aos de sempre e aos que esperam para aproveitar-se das portas giratórias em benefício pessoal e do seu amo.

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