O 8/09/2019 publiquei um artigo
no que perguntava: Por que Pedro Sánchez nos embarca em novas eleições?” dando
já por descontado que estávamos chamados a votar ao ver o espetáculo teatral
que nos oferecia o Secretário Geral do PSOE para evitar assumir a sua
responsabilidade de repetir desnecessariamente as eleições e transferir-lhe a
culpa a Unidas Podemos.
Apesar de que não teve o menor
reparo em carregar sobre o nosso lombo o custo duma repetição eleitoral,
considero que a reação dum galego de a pé que tem consciência de viver num país
de seu, com língua, cultura e identidade própria, nunca pode ser abster-nos
porque desse modo estaríamos beneficiando aos corruptos do PP que precisamente
fazem campanhas nas redes para desmotivar a participação da cidadania de
esquerdas e assim possibilitar-lhe a eles aceder ao governo de Espanha, sem ter
assumido nenhum castigo por ter-se enriquecido ilicitamente muitos dos seus
dirigentes e ter pagado as campanhas eleitorais com o dinheiro dos cidadãos.
Ademais, nós como somos galegos,
não deveríamos votar a aqueles que estão asfixiando o nosso raquítico
autogoverno com a repressão mais dura que se desatou nos últimos tempos, contra
Catalunha diretamente, mas indiretamente também contra a Galiza e Euskadi. São
provas bem eloquentes de todo isso a presteza que se deram os impulsores do 155
para ordenar malhar desapiedadamente sobre pessoas pacíficas que unicamente
acudiam a votar numas urnas que lhes puxo com este fim o seu legítimo governo.
Mas não contentos com isto aplicaram-lhe o artigo 155 muito além do que a
própria Constituição espanhola tinha previsto, e a seguir converteram os
violentos em pacíficos e mudaram os dirigentes políticos pacíficos em violentos
e sediciosos aplicando-lhe uma sentença iníqua, depois de tê-los mantido
durante mais de dous anos no cárcere sem nada que o justifique. Esse dia foram
condenados todos os povos do Estado espanhol, como intentei provar num recente
artigo do 8/10/2019.
Uma razão especial para não
votar ao PSOE é que a dia de hoje ninguém pode afirmar, com conhecimento de
causa, se o PSOE vai pactuar com a direita do PP para ser investido e depois intentar
governar em solitário apoiando-se na esquerda, na direita ou no centro segundo
as conveniências do momento. Esta quiçá seja a jogada que Pedro Sánchez, ou
seja, Ivan Redondo, nos tém preparada. Desse modo poderia volver de novo a
aplicar políticas de direita apesar de ser elegido por votantes da esquerda e
deixar no caixão todo aquilo que não lhe parece oportuno aplicar. Desse modo,
lograria acurralar a Iglesias na esquerda para ocupar ele o amplo espaço de
teórica esquerda moderada e de centro. Isso permitir-lhe-ia manter-se no poder com
medidas “efeitistas”, como trasladar a múmia de Franco, sem fazer frente aos
grandes retos que tem o Estado espanhol, hoje numa deriva autoritária e de
enormes desigualdades reais.
Um cidadão galego do século XXI
creio que deve apoiar a partidos galegos, que tenham o centro das suas
preocupações na nossa terra. Quando um partido é controlado desde Madrid, o
normal é que os problemas da Galiza passem a um segundo termo, principalmente
se colidem com os interesses do partido no âmbito estatal. Isto é o aconteceria
se votássemos a Em Comum Podemos, como se demonstrou muito claramente no
acontecido nestas legislaturas em Madrid. Galiza não teve voz própria senão que
ficou relegada a um nível de irrelevância ainda inferior a Cantábria, que já é
dizer. De Vox tenho pouco que dizer, porque se trata dum partido reacionário, puramente
franquista, que quer retrotrair-nos ao tempo da ditadura, tanto no eido
ideológico como político e social.
Excluídas as formações de âmbito
estatal, por motivos muito diferentes, devemos olhar para Galiza. Aqui
observamos que fora de combate Anova e
Em Marea, por razões distintas, ainda que, em definitiva, por ter-se arriscado a
jogar a baça do pinheirismo, apesar de que ter já fracassado anteriormente com
os intentos de Realidade Galega e com Esquerda Galega de Camilo Nogueira. Estes
dous partidos têm uma história na que as lutas internas foram uma constante,
primeiro em Anova, mais tarde em Age e finalmente em Em Marea, terminando por
dessangrar-se e sem aços sequer para competir eleitoralmente, mas, com uma
atitude mesquinha, sem dignar-se tampouco apoiar as forças próprias galegas que
se apresentam as eleições.
Fica só, portanto, o BNG, porque
Compromisso por Galícia só pode apresentar-se como muleta doutro, porque não
quis criar um partido de centro em Galiza e ficou sem espaço vital na esquerda,
sem possibilidades de lidar com os demais partidos. Eu gostaria dum BNG muito
mais forte e mais inclusivo, que concite o apoio de muitos mais setores
sociais, sobre todo tendo em conta que não há nenhum partido galego de centro, e
convidamo-lo a que trabalhe nesta linha para que a nossa terra tenha não só voz
própria em Madrid, senão também força para poder mudar, em favor próprio, a
nossa situação socioeconômica e política. Contudo, a esta altura é a única
opção que temos para dar-lhe voz própria em Madrid, e para colaborar com as
forças espanholas mais favoráveis a uma reforma do marco legal e mais dispostas
a fomentar políticas que impulsem a reforma do marco laboral, o crescimento
econômico e o bem-estar social.
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