Na apresentação do
pré-acordo de Podemos, IU e Anova, José Manuel Beiras emitiu uma dura crítica
ético-pessoal contra o que ele denominou focos de opinião, que me surpreendeu e
que me fiz perguntar-me se eu próprio poderia estar concernido por ela, dado
que publiquei um artigo no que criticava precisamente este pré-acordo. A
surpresa provém de que Beiras desvia a crítica do eido político, que é
unicamente no que eu pretendia mover-me, ao eido pessoal e ético, porque a
palavra pestilência tem estas duas conotações. Tenho como norte da minha
atuação analisar criticamente a realidade mas preservando sempre os vínculos de
amizade que me unem com as pessoas; criticam-se as ideologias, ou em palavras
cristãs, o pecado, mas nunca o pecador.
Eu sempre aprecei a
Beiras pessoalmente e comparti com ele o pensamento político até a viragem que
experimentou em 2012, não polo fato de sair do BNG, senão polos furibundos
ataques ás formações nacionalistas e polo fato de apoiar a formações estatais
em vez de coligar-se com CxG, que creio que não lhe minguaria o êxito
eleitoral, porque os votos eram dele pessoalmente na grande maioria polo seu
tirão eleitoral. O meu apreço pola sua pessoa mantém-se mas não podo
compartilhar o seu posicionamento político atual. Quando se criaram As Marés,
algumas das minhas filhas votaram esta opção para os concelhos, sem receber
nenhuma observação e muito menos crítica pola minha parte. Eu mesmo sempre
tenho dito a quem quer escutar-me que As Marés representam um passo a respeito
dos governos anteriores, mas corremos o risco de que o prezo que pode ter que
pagar-se seja demasiado elevado, porque um projeto espanholista das formações
estatais nunca vai beneficiar á longa um projeto próprio e soberano.
Beiras fala dos
focos de opinião, e isto desde logo não vai comigo, porque eu não sou nenhum
foco, porque quando se fala dum foco normalmente alude-se a um grupo de
pessoas, e eu não formo parte de nenhum partido nem de nenhum grupo de opinião,
senão que são somente um tigre que erra solitário na selva do nacionalismo.
Tão-pouco me considero sequer um foco solitário senão somente um vaga-lume que
irradia em contextos mui limitados. Considero que é nefasto para uma comunidade
política que qualquer dirigente político pretenda silenciar a voz crítica da
cidadania, achacando-lhe juizos de intenções e perversidade moral, porque
expressa o seu sentir sobre o devir do país; somente se lhe deve exigir que
seja uma crítica construtiva, e toda crítica que seja veraz, é construtiva,
porque ajudará a melhorar a realidade existente. Um político não pode pretender
que reduzamos o nosso rol ao aplauso e ao louvor dos participantes no partido,
sem que, depois de pagar a entrada, podamos valorar as diversas jogadas e
criticar se se metem goles na própria meta. Uma sociedade sem crítica é uma
sociedade morta e profundamente corrupta. Ninguém ouvirá de mim um ex-abrupto,
uma desqualificação pessoal, mas deixem-me polo menos pensar e falar que é o
único mecanismo que nos queda de participação política; que ninguém queira
tão-pouco ensilvar-me em ataques pessoais, porque a amizade e os sentimentos
humanitários devem primar sobre o ideário político, sobre todo com aqueles que
nos aparentam muitas cousas.
Aproveito para
dizer que os participantes na assinatura do acordo, convidam-nos a que o leamos
antes de falar. Eu tenho que dizer que já o li mas não fui capaz de solucionar
as minhas dúvidas, porque eu quero saber se quando se diz que “o povo galego
como sujeito político soberano, ... operará em conseqüência com este princípio
para todos os efeitos e em todos os planos: político, jurídico, simbólico,
comunicativo e organizativo”, isso implica que pode ter um grupo parlamentar
próprio ou se esta possibilidade se fia a boa vontade dos órgãos do Congresso
para que permitam o que o Regulamento da Câmara não permite. Não vale pássaro
em mão para Podemos e IU, e cento voando para Galiza. O que si vejo que estão
mui bem garantidas as políticas referentes ao câmbio político, com as quais
também nos identificamos, mas o referente a Galiza fica, polo menos, numa
espécie de penumbra.
Queria também
aconselhar-lhes que se a candidatura leva o nome usado para a candidatura de A
Corunha e Ferrol, se utilize o nome galego Marés e não, como o que passou com
o Bloque, o espanholismo de Mareas.
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