Os que, coma mim,
são pessoas independentes, ou como digo a vezes, tigres solitários na selva do
nacionalismo galego, temos a desvantagem de não compartilhar os êxitos nem ter
muitas possibilidades de ocupar postos de relevância, mas temos a vantagem
também de não sofrer tão duramente, em primeira pessoa, os fracassos, de não
participar nas animadversões que cria a convivência entre pessoas que buscam o
protagonismo no seio das organizações, nem a responsabilidade dos fracassos,
neste caso políticas, se não alcançam os objetivos propostos. É muito mais
grave ainda quando essas animadversões e fobias criadas se convertem em leit
motiv da própria atuação política.
Eu afiliei-me
durante quatro meses a Compromisso por Galícia, porque, seguindo
pronunciamentos dos seus dirigentes, queriam fundar um partido de amplo espetro
que cobrisse também o centro político galego, deixando claro, desde o
princípio, que não queria mais protagonismo que o dum simples militante de base
sem ambição nenhuma por ocupar postos nem participar em candidaturas. Pretendia,
ingênuo de mim, que surgisse um partido nacionalista que competisse com o PP
polo voto da direita civilizada, de centro e centro esquerda, ainda declarando-me
eu de tendência socialdemocrata, mas, quando vim que se definia como
socialdemocrata, com exclusão do liberalismo progressista e que pretendia
aplicar políticas de esquerda, manifestei que eu não me afiliara para lutar com
o BNG ou com Anova. Por outra parte, eu defendia um modelo de estado,
nacionalista sem adjetivações, e um modelo de sociedade, moderado, enquanto que
se impôs um nacionalismo descafeinado e um modelo de sociedade de esquerdas,
espaço já coberto amplamente no nosso País. Vivia-se um ambiente grato, mas
tive a impressão que se reproduziam muitos estereótipos da militância
nacionalista anterior, com críticas a políticos de filiação e protagonismo no
PP.
Creio observar,
tanto em Compromisso como em Anova, um grande ressentimento pola sua antiga
formação, ressentimento que não temos os tigres solitários, e que muitas vezes
se converte em eixo da sua atuação política, na que, em vez de procurar acordos
com o outro, se busta a sua destruição, que chega inclusive a estender-se aos
demais grupos que abandonaram a organização. Em Compromisso informou-se-nos
várias vezes que Beiras não fizera o mais mínimo esforço por confluir com eles
de cara ás eleições, senão que atuou exitosamente como um velho raposo buscando
deixar na estacada e sem poder de reação aos de Compromisso, que caíram como
pardais. As estratégias exitosas procuram repetir-se e eu creio que agora com o
BNG pretenderam fazer exatamente o mesmo.
Eu participei em
duas reuniões de Iniciativa pola União e nelas sempre observei um clima de
grande franqueza e liberdade nas intervenções e um grande desejo de lograr
confluir numa candidatura unitária, aceitando a participação de partidos
estatais, e com um único requisito que era lograr um grupo parlamentar próprio
com o seu centro de decisão no nossa terra e ao serviço dos interesses do país.
Em realidade, eu sempre considerei que é o mínimo que um partido nacionalista
podia demandar, e entendia que seria aceitado por AGE porque não é apresentável
que nos ponham, como autênticos sipaios e alienígenas, ás ordens de poderes
alheiros ao nosso País. Considerava também que o Beiras faria honor ao seu
passado e não chegaria ao extremo de aceitar servir de acólitos ás ordens de
Podemos, sob o pretexto de lograr um câmbio institucional no Estado, que cada
passo se desvanece mais, ou, em todo caso, se faz menos ambicioso. É bem
absurdo pretender que os demais atores políticos, em muitos aspetos
competidores nossos, aceitem ser os protagonistas das nossas reivindicações,
pois os problemas dum país, ou os arranjam os seus moradores, ou ficarão sem
arranjar per saecula saeculorum. Esta foi, é e será uma constante histórica.
Dá-me a impressão
que o Beiras lhe colheu um ódio visceral á formação que antes dirigia, e que a
situa sempre como alvo das suas teimas, esquecendo-se de adversário. Durante
esse dilatado período de líder do BNG, evitava criticar o PSOE por considerar
que ele, repetia, não se enganava de adversário, mas eu gostaria que me
explicasse se agora o BNG é o seu adversário e mais adversário que o PSOE.
Causou-me hilaridade que, tanto ele como Martinho, apelaram á generosidade,
recurso que já praticaram quando contenderam com Cerna, ao tempo que eles nunca
amostraram a mais mínima; ou que falassem de egoísmos partidários, quando essa
foi sempre a sua maneira de atuar. Eu, como são mal pensado, o que penso é que
não esperavam que o BNG cedesse tanto para assim descarregar nesta formação a
responsabilidade da ruptura, mas não tiveram êxito.
Quando havia duas
plataformas que procuravam a confluência, todos nos assistimos estupefatos a
apresentação dum acordo entre as cúpulas dos partidos Podemos, IU e Anova, á
margem de toda participação cidadã, da que se declararam os adais. Agora, como
justificam que a cidadania tem que ser o motor principal e eles os auxiliares,
quando eles atuam á margem dela e em contra dos princípios que dizem praticar,
e deixando-lhe á cidadania só o papel de comparsas dos partidos aludidos? Eu,
desde logo, não consentiria que me tomassem o pouco pelo que me queda. Mas já
tinham preparada a resposta de botar-lhe a culpa ao BNG, como fez sem o mais
mínimo rubor Iolanda Diaz, após ter explicitado um acordo que fazia inviável a
confluência ao não garantir nada mais que a luta por um câmbio político no
Estado, e deixando no ar todo o que interessa a Galiza, que é a defesa dos seus
interesses..
Compromisso por
Galiza salvou-se da ruptura mas com um preço muito importante, ao optar por não
concorrer ás eleições. Dessa maneira, demonstraram a sua debilidade política, e
puseram de relevo que não foram capazes de analisar a situação real do que
passou, incluso depois de ter sido marginados por estes mesmos partidos com
ocasião das eleições autonômicas. A que vem que agora nos digam que a
responsabilidade é de todos, emitindo um juízo que é como a noite na qual todos
os gatos são pardos? Não são conscientes que a responsabilidade implica
consciência, voluntariedade e liberdade na procura dum objetivo ou na obstrução
para que este se consiga? Não sabem que, na análise duma situação, há que
deslindar responsabilidades e não carregar contra todos indistintamente? Não se
dão conta que não se podem meter no mesmo saco os violadores que as violadas;
os que fazem mal como os que obram corretamente; os que procuram com toda
lealdade e sinceridade um objetivo com os que o entorpecem? Não obstante,
alguns membros deste partido sabem e disseram bem claramente que foi o que
sucedeu em todo este assunto, e sabem bem que a traição á terra não se compensa
com votos, ainda que estes permitam ocupar cadeiras luminosas.
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